28 de fev. de 2010

Às vezes...



Às vezes o desânimo e falta de fé
tomam conta do meu pensamento
como ervas daninhas,
sufocando as flores dentro de mim...


Às vezes não vejo luz no meu jardim...
Tudo fica sombrio como noite sem luar,
E até posso sentir o orvalhar
como açoite cortando-me a alma...


Às vezes não existe calma...
O coração bate descompassado,
enquanto o semblante já cansado,
se põe a sorrir tentando disfarçar.


Às vezes,
fica muito difícil sonhar...

19 de fev. de 2010

Esquecer




Talvez esquecer seja tão complexo,
que a tentativa de esquecer
tenha o peso da lembrança
em todos os passos do esquecimento.


Talvez o esforço de esquecer seja tão imenso,
que a imensurável lembrança
se faça presente a todo momento.


E talvez, as lembranças estejam tão vivas,
que na morte de alguma delas,
os fantasmas permaneçam...
trazendo novamente a tona
a lembrança de tudo o que foi vivido.


Talvez o esquecer não seja um dom espontâneo.
Seja apenas um desejo momentâneo
de se estancar o sofrimento.

15 de fev. de 2010

E agora José?



E agora José?
O tempo passou,
a paixão não findou,
o sentimento aumentou,
alguém vacilou,
a casa caiu...
nada morreu,
até ressuscitou,
e o que não completava
hoje transbordou?

E agora José?
Hoje está dividido,
cerceado, oprimido
e sem a liberdade
nada mais faz sentido.
Quer sair,
não consegue
quer falar
já não pode
as paredes tem ouvidos
e as lágrimas te comovem...

E agora José?
A festa acabou?
Nada adiantou,
a dor aflorou,
a raiva surgiu,
o amor não bastou,
livrou-se da culpa,
mas não perdoou,
pensou em deixar,
mas no fim se entregou...

E agora José?
Escolher já não queres
ama as duas mulheres
e pra se completar
tenta conciliar?
Relaxa José...
Não sejas tão duro!
Não precisa de chaves
quando se está no muro.
Segue a marcha José!
Sabes exatamente pra onde.

14 de fev. de 2010

Desbravando



Percorro os caminhos sinuosos o seu corpo...
completamente perdida...
Sem limites,
sem saída...
Banho-me na cascata de sua saliva
e me permito queimar
nas constantes erupções de sua região vulcânica.
Me sinto rodopiar em um turbilhão
quando me deixo levar pela correnteza de suas mãos...
Morro sem ar,
perco o chão...
e renasço novamente,
desbravando os caminhos da nossa paixão.

Enquanto você dormia...



Eu sonhava acordada enquando você dormia,
tamanha a felicidade em meu coração!
E o seu roncar me soava como uma sinfônia,
era a trilha sonora da satisfação!


Sabia que assim que acordasse você partiria,
mesmo com toda a força da minha oração...
e na esperança de prolongar minha alegria,
fiquei armazenando o seu cheiro em meu pulmão...


O relógio avançava com voracidade,
como um ditador do tempo cruel e insensível.
Sobre mim debruçava o peso da saudade,


anunciando o fim daquela noite aprazível.
Desejei ter em minhas mãos a eternidade
E ver meu sonho de amor tornado possível.

Passageira...



No passado fui permanente,
mas fui passada para trás...
Por isso decidi ser passageira,
e não me apegar mais.

Segui meu caminho...
passageira...
Como quem sai de viagem
apenas apreciando a paisagem.

Parando,
curtindo,
experimentando,
e partindo...

Passageira...
Quando gostava muito de algum lugar,
Sentia a necessidade de partir
só pelo medo de desejar ficar.

Fugindo do amor...
Como quem pega o trem da vida clandestinamente...
E tem que pular de vagão em vagão
tentando fugir do bilheteiro...

E fiz do meu presente,
sempre passageiro...
Denominando meu medo
de auto domínio, auto confiança...

Sem apego,
sem parada,
sem destino,
sem aliança...

Hoje, traída pelo meu próprio desejo,
Tenho um coração que apenas obedece ao que sente...
Já não ouve mais a minha razão
e insiste em fazer de mim permanente.

Abandono



...mais um dia passou
sem um gesto,
sem uma palavra...
A noite passou...
e nenhum gesto,
nenhuma palavra...
E assim a madrugada também chegou
sem nenhum gesto,
sem ao menos uma palavra.
Outro dia nasceu,
o sol sorriu,
um pássaro cantou,
mas nada nutriu,
nada acalmou...
Outro dia passou
e mais uma vez
o silencio se fez.
Nenhum gesto...
Nenhuma palavra...
O coração constrangeu,
Uma lágrima rolou...
Meus dias já não são os mesmos
depois que o amor se calou.