25 de set. de 2009

Poema sem nome

Quando abri os meus olhos,
Era noite...
E a dor se debruçava sobre as minhas retinas cansadas.
Deixei sua claridade invadir minha alma
Como gritos de festa...
Cravando os seus punhais de luz,
Como as clareiras rasgam lâminas de luz
No corpo da floresta.
Senti nos profundos mistérios do meu ser,
Um estranho rumor de asas ruflando
Que brotava na sombra da sua luz
E me rasgava o chão.
E vi minha alma ganhando o céu...
Nas asas da imaginação.
Minha alma fugiu!
Pobre alma sonhadora...
Fugiu como foge sempre ante a luz do seu olhar...
Na ilusão de subir... e não precisar pousar jamais!
Mas pousou...
Solitária e estática em uma catedral vazia
Onde agora, só ecoa a luz mortiça dos vitrais.

20 de set. de 2009

Amiga


Tomou-me a alma,
Uma sensação de alegria,
Uma tranqüilidade,
Uma harmonia...
Uma nova visão se abriu diante de mim
E consegui vê-la com olhos de sinceridade.
Sempre procurei, mas nunca encontrei de verdade.
Alguns me cobravam com capa de desconfiança,
Outros me jogavam no precipício da falsidade...
Aí surgistes simples,
Com tua força infinita!
Como ponto de destaque na multidão!
Motivando com zelo a quem estimas...
Hoje me toma a alma
Uma sensação de completude, de felicidade...
Posso afirmar com segurança que tenho amigos!
Graças à força da tua amizade.

Bem me quer... mal me quer...


Bem me quer...
Mal me quer...
Bem me quer...
Mal me quer...
Bem me quer...
Mal me quer...
Vou puxando...
Pétala por pétala,
Indagando;
Bem me quer...
Mal me quer...
Bem me quer...
Mal me quer.
Até perceber que não há mais nada!
Além de uma flor nua,
Totalmente despetalada...

Meu jeito de amar


Meu jeito de amar é mesmo estranho...
Muita gente não entende
Porque não amo com loucura.
Aprendi com a vida,
Que a sensatez é mais segura,
E que dosando razão e emoção,
Extrai-se o melhor dessa mistura.
Não entrego tudo o que há em meu coração,
Entrego apenas o que recebo em troca.
É preciso mesclar loucura com pensamentos sãos,
Para que o amor próprio, não me falte.

19 de set. de 2009

Dor


Fonte infinda que mina dos olhos...
No leito... as águas,
Que deságuam sofrimento.
A fronha... molhada,
Testemunhando o meu lamento.

18 de set. de 2009

Fim


No asfalto quente,
O sangue do homem escorria...
Confirmando que sua vida se foi.
Entre as pernas de sua mulher,
O sangue e a esperança escorriam...
Comprovando que nenhuma vida deixou.

Voracidade


Às escondidas,
Lambendo-me toda,
Invadia-me...
E eu,
Vadiamente,
Abrindo todas as portas que havia em mim,
Apresentei-me...
Cômodo por cômodo,
Permitindo a invasão,
Completamente entorpecida pela voracidade...

Pigmentação


Meu passado?
Negro!
Que plantando suas raízes em mim,
Fez brotar a mais linda flor parda!
Meu presente?
Negro!
Misturando-se
À minha pele pálida...
Meu futuro?
Espero que seja negro!
Para garantir as minhas noites cálidas...

Terra de ninguém


Sexo,
A gente acha em qualquer lugar...
Difícil é encontrar alguém
Que valha a pena amar...
E o amor,
A famosa “terra de ninguém”,
Quando menos se espera,
A gente já o tem...
Eu não blindo o meu peito
E ainda me acho no direito
De me achar protegida!
É que quando me sinto atingida,
Sempre busco um jeito
De encontrar uma saída.
Tenho parceiros camicases...
Ainda esperam que um dia
Eu novamente me case.
Pode ser...
Quem sabe?
Não quero cuspir pra cima
E me afogar em minha tempestade.

14 de set. de 2009

O velho que um dia quis ser criança


O velho que um dia quis ser criança,
Hoje amargurado
Inventa a sua infância...
Com os pés descalços,
Cresceu em um mundo limitado.
Filho de uma lavadeira
E de um pai bêbado;
Não tinha brinquedo,
Não tinha sossego...
E foi mandado para um orfanato.
Lá sozinho,
Teve que crescer muito cedo
E enfrentar os seus medos.
Era tão pobrezinho...
Pobrezinho financeiramente,
Pobrezinho de família,
Pobrezinho de alma,
Pobrezinho de mente...
O mundo o fez ter piedade de si mesmo.
O tempo passou e menino tornou-se homem,
E homem, constituiu família,
Mas ainda se achando um pobre coitado,
Esqueceu-se de olhar para os lados,
Estacionou,
Permaneceu parado
Enquanto a vida passou...
Agora velho e cansado,
Inventa que foi poeta,
Príncipe encantado,
Que trabalhou no teatro
Que foi jogador,
Soldado
E até doutor...
Assim vai colorindo o seu passado...
Tentando aliviar a sua dor.

12 de set. de 2009

Testamento


Quando tudo findar
E a morte com sua foice
Vier me buscar,
Certamente ao lerem estas palavras,
Poderão se assustar...
Até irão se perguntar:
Como isso é possível?
Irei explicar;
É que de acordo com esse testamento,
Depois de partir,
Eu vou querer ficar!
Admito, é estranho,
É um sonho,
Mas os sonhos se tornam reais...
Se eu tiver sorte,
E a ajuda das pessoas queridas,
Irei driblar a morte
E renascer em outra vida!
Não é espiritismo,
Nem reencarnação,
Nada tem haver com religião...
Também não é maluquice!
Minha idéia tem bons fundamentos
E é o desejo do meu coração...
Quero ser cremada!
E com as minhas cinzas em mãos
Quero que plantem uma árvore
E adubem com elas o chão.
Estarei na mistura do solo,
Penetrarei em sua raiz
Como um espermatozóide
E tendo a vida como força motriz
Eu me tornarei árvore!
Estarei nela e ela em mim,
Livre da escuridão de um jazigo de mármore,
Não terei um triste fim.
Serei árvore!
Estarei sempre perto de vocês...
E assim
Poderão subir em meu tronco,
Comer do meu fruto,
Brincar com minhas folhas
E repousar em minha sombra.
Poderão ouvir a poesia que sairá de mim,
Quando o vento balançar os meus galhos,
Quando os pássaros cantarem sobre mim.
Poderão abraçar-me quando a saudade apertar
E sentir em forma energia
Todo amor que aqui irei deixar.

10 de set. de 2009

Às más línguas


Pessoas frustradas e infelizes,
Gostam de inventar contos
Sobre a vida alheia...

Pessoas frustradas e infelizes,
Sentem prazer em aumentar um ponto
Só pra ver se o circo incendeia...

Pessoas frustradas e infelizes,
Usam a linguagem de um modo torto,
Jogando nos olhos da verdade, areia...

Pessoas frustradas e infelizes,
São incapazes de enxergar no sexo oposto,
Uma amizade verdadeira.

8 de set. de 2009

Homem moleque


Ah moleque atrevido, assanhado!
Que brinca feito criança
No corpo da mulher...
Ah moleque teimoso e levado...
Pensa que me engana!
Saiba que quem brinca com fogo,
Acaba mijando na cama!
Moleque arteiro, astuto, parceiro
Que pula de galho em galho,
Mas sempre volta pro seu poleiro!

Gente sem sorte


Oh gente sem sorte
Que deseja a morte
E a morte não vem.
Oh gente sem sorte
Que até mesmo pra morte
A sorte não tem.

Coisas minhas


Há coisas em mim que são só minhas...
Segredos meus...
Sentimentos,
Sensações,
Impressões...
Tudo muito meu!
Coisas que prefiro guardar...
Então calo,
Evito...
Para não dizer coisas
Que eu não deveria ter dito.
Mas do que adianta fechar a boca
E não comentar,
Se eu tenho mãos teimosas e loucas
Que insistem os meus segredos gritar?
Ah mãos inquietas e fofoqueiras!
Que fazem da caneta um mega-fone
E sempre me jogam na fogueira...