18 de mai. de 2010

Eu flor


Flores novamente...
Para ele: prova de sentimento;
Para mim: puro ornamento.
Não que eu não tenha ficado contente,
Flor arrancada da planta
Por um momento alegra,
Encanta...
Mas sem raiz vai para dentro d’água...
Leva uma vida curta,
Molhada,
Murcha...
E nunca mais se levanta!
Me sinto flor arrancada da planta.

10 de mai. de 2010

Trago


Trago na memória
Lembranças sujas
Da nossa história.
Trago...
Toda a fumaça podre do passado
De um país explorado,
Saqueado,
Catequizado,
Aculturado...

Trago...
Toda a fumaça podre do passado
De política escravocrata...
Libertação!
A miséria é um câncer que se alastra.
Democracia?!... Tardia...
Constituição...
As bitucas se espalham pelo chão...
Sujeira,
Poluição.

Trago...
Toda a fumaça podre do passado...
Direitos outorgados
Cassados,
Censurados...
Política de Estado Novo...
Ditadura para o povo!
Nação desesperançada
Espera por socorro...

Varre!
Varre vassourinha!
Varre as bitucas espalhadas,
Ajunta num canto da calçada
Onde tudo se espalha de novo!
Falta-me o ar...
Novo golpe militar!...

Trago...
Toda a fumaça podre do passado
Do medo instaurado,
De gente aprisionada,
Torturada,
Tragada...
De famílias esfaceladas,
Da liberdade cerceada...

Trago...
Trago toda essa fumaça presente...
Guardo tudo em minha mente
Pra não me esquecer do passado,
Do meu povo ferido,
Entorpecido,
Abandonado...
Jogado no abismo
Do capitalismo!

São promessas de um novo rumo...
O combate contra o fumo!
Mas ainda trago...
E me engasgo com o pigarro...
Enquanto todos os dias
O governo acende o seu ultimo cigarro.

8 de mai. de 2010

Um privilégio


Do outro lado do telefone,
Com um ar de saudosa
Uma voz manhosa
Me pede colo,
Desabafa os seus problemas...
Conheço bem sua personalidade,
Seus dilemas...
Foram anos de aliança
Transformados em amizade
E confiança.
Filhos como frutos
Das raízes fortes
Fincadas em fértil solo.
Também é repouso certeiro
Quando sou eu
Quem necessita de um colo.
Uma amizade verdadeira
Sem nenhuma segunda intenção.
Muitos não compreendem
Que hoje somos como irmãos.
Mas acreditem
Pois eu consigo
O privilégio de ter meu ex-marido
Como o meu melhor amigo.

6 de mai. de 2010

Minha verdade


Conheço a verdade irônica
De quem não abdica.
As armadilhas...
Conheço palmo a palmo este terreno...
Já lutei nas mesmas guerrilhas.
Conheço o seu segredo...
A postura forte de auto defesa
Enganando os próprios medos...
Hoje acredito que nada é por acaso
E evito entrar em disputas...
Contra as forças do destino,
Não existe luta justa.
Prefiro seguir a minha verdade
Não que essa verdade seja a certa,
Mas tenho a plena convicção
De que quem ama, liberta.

5 de mai. de 2010

Saindo de cena


Viver é uma arte
E o espetáculo tem que continuar...
Encerro a minha parte,
Saio de cena.
Às vezes a morte do coadjuvante
É extremamente necessária
Para que a vida siga adiante
E tenha um final feliz.
A única cortina a ser fechada,
São minhas retinas cansadas.
A morte é solitária e fria...
Mesmo para quem só fez uso do amor,
Da verdade e da poesia.
Fim do ato,
Ora de partir...
Parto.
O romper dói...
Mas abdico desse amor
E humanamente ferida
Sigo o curso da história
Para não mexer com o script da vida.
Apenas
saio
de
cena
Encerrando meu ato
Com este sincero poema.

4 de mai. de 2010

Ecos


Há ecos de vozes em minha cabeça
Que não permitem
Que eu ouça a mim mesmo.
Projetam vultos,
Fantasmas que limitam minha caminhada...
As vozes não me levam a nada!
Dúvidas entre o ser e o não ser,
Querer ou não querer,
Fazer ou esperar acontecer.
Há ecos de vozes em minha cabeça...
Todas querem ditar as regras do bem viver!
Padrões,
Ideologias sociais...
Enquanto eu,
Sei que só preciso me ouvir mais.

2 de mai. de 2010

Amor aos pedaços


Enquanto seu amor
Vier em pedaços,
Feliz, me satisfaço!
Porque pedaço
É partilha,
Divisão...
Mas se um dia,
Só chegar migalhas
Em minhas mãos;
Esfrio,
Desfaço,
Rompo esse laço...
Porque migalhas
Não cabe a um amor honesto.
Pedaço é pedaço,
Mas migalha
É resto.