14 de set. de 2009

O velho que um dia quis ser criança


O velho que um dia quis ser criança,
Hoje amargurado
Inventa a sua infância...
Com os pés descalços,
Cresceu em um mundo limitado.
Filho de uma lavadeira
E de um pai bêbado;
Não tinha brinquedo,
Não tinha sossego...
E foi mandado para um orfanato.
Lá sozinho,
Teve que crescer muito cedo
E enfrentar os seus medos.
Era tão pobrezinho...
Pobrezinho financeiramente,
Pobrezinho de família,
Pobrezinho de alma,
Pobrezinho de mente...
O mundo o fez ter piedade de si mesmo.
O tempo passou e menino tornou-se homem,
E homem, constituiu família,
Mas ainda se achando um pobre coitado,
Esqueceu-se de olhar para os lados,
Estacionou,
Permaneceu parado
Enquanto a vida passou...
Agora velho e cansado,
Inventa que foi poeta,
Príncipe encantado,
Que trabalhou no teatro
Que foi jogador,
Soldado
E até doutor...
Assim vai colorindo o seu passado...
Tentando aliviar a sua dor.

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