30 de jul. de 2009

Cada poeta com a sua realidade




“Dia de luz, festa do sol
E o barquinho a deslizar
No macio azul do mar...”

Bem que eu queria
Abrir a janela,
Estar de frente para o mar
E naquela visão bela
Ver barquinhos a deslizar....
Bem que eu queria!
Mas sou da periferia
E a minha poesia
Tem outra história pra contar...
Quando abro minha janela,
Vejo becos e vielas,
Mas é linda a poesia que sai lá da favela!

“Tudo é verão, amor se faz
Num barquinho pelo mar
Que desliza sem parar...”

Lá, nem tudo é verão...
O outono dura mais
E o inverno é de arrepiar...
Mas amor! Amor a gente faz!
Com amor se vive mais!
Porque o amor, na quebrada,
É a receita da vida, do samba, da batucada...
A alegria da molecada
Que corre solta de pés no chão,
Jogando bola, brincando de polícia e ladrão...
Da rapaziada na cerveja gelada,
Da dona de casa na beira do fogão.

“Sem intenção nossa canção
Vai saindo pelo mar e o sol
Beija o barco e a luz
Dias tão azuis...”

Já a nossa canção
È muito bem intencionada.
O rap faz a revolução
Na mente da rapaziada!
Mescla a sombra com a luz,
Mostra pra onde o crime conduz...
E que uma vida digna e honesta
É sempre bem recompensada.
Nem tudo é azul,
Nem tudo é festa,
Mas a paz na consciência
É a melhor das promessas!

“Volta do mar desmaia o sol
E o barquinho a deslizar
E a vontade de cantar.

Céu tão azul, ilhas do sul
E o barquinho coração
Deslizando na canção.

Tudo isso é paz,
Tudo isso traz
Uma calma de verão e então...”

Zona norte, zona oeste,
Zona leste ou zona sul,
Quem ama a periferia
Quer transformá-la num mundo azul!
Onde reine a igualdade,
O respeito a humildade,
Onde a justiça social
Não fique só na vontade!
Quer que todos tenham o pão
Pra que a calma do verão
Finalmente,
Chegue até nós e então...

“O barquinho vai
E à tardinha cai.

O barquinho vai
E à tardinha cai.”

“...à que sentido flores prometeram um mundo novo?
Favela, viela, morro, tem de tudo um pouco...”

Poema: Camila Patrícia Milani
Música: “O barquinho” de Ronaldo Bôscoli
Trecho final: Grupo Z’Africa Brasil
(Antigamente quilombos, hoje periferia)

Um comentário:

  1. Camila,

    Juro que tive que me conter para não chorar quando vc recitou essa poesia no metrô.
    Parabéns!!!

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